“Injusto”, a palavra proferida por Sérgio Pérez ao receber comandos para facilitar a passagem de Max Verstappen resume com precisão o atual cenário das relações entre pilotos da mesma equipe na Fórmula 1.
A revolta do mexicano ocorreu com certa razão, ele liderava a corrida quando precisou tirar o pé para o seu companheiro de RedBull. E, se Pérez tivesse vencido na Espanha, ele alcançaria o topo do Campeonato de Pilotos após a sua recente glória no Grande Prêmio de Mônaco.
Esporte brutal e tendencioso, não é novidade que o automobilismo é regado por disputas em pista e, principalmente, fora dela. De Ayrton Senna e Alain Prost até Lewis Hamilton e Nico Rosberg, o histórico de relações tortuosas graças ao ambiente de extrema pressão da F1 é longo e contínuo.
A temporada de 2022 não poderia se distanciar dessa tradição. Pelo contrário, o clima de tensão parece pairar sobre todo o paddock. Assim como Checo, Carlos Sainz também está protagonizando os bastidores com teorias e mais teorias sobre a sua real função na Ferrari. O que ambos possuem em comum é algo que nem eles mesmos se permitem admitir: o papel de segundo piloto.
Mas, afinal, o que é ser o segundo piloto de uma equipe de Fórmula 1? Em meio aos infinitos debates sobre o tema, o segundo piloto sempre é aquele que se despede do individualismo em prol do coletivo.
O último final de semana nas ruas monegascas provou que, embora ser o menino de ouro de suas garagens não seja a principal função de Pérez e Sainz, eles mantêm uma chama acesa pela ânsia de vitória.
Porém, o tradicional fenômeno de embate entre colegas não é exclusividade dos dois melhores times do grid. Traçando um paralelo entre as 10 equipes, é perceptível que grande parte das relações estão sendo desgastadas.
A exemplos de George Russell, o tal do segundo piloto da Mercedes, em uma onda de sorte, enquanto Hamilton segue sendo desfavorecido pela estratégia e Lando Norris deixando Daniel Ricciardo, seu veterano, em apuros.
Para além, Fernando Alonso e Esteban Ocon se estranharam em alta velocidade, Kevin Magnussen resolveu ofuscar Mick Schumacher, Guanyu Zhou passou a correr na contramão da ascensão de Valtteri Bottas em sua Alfa Romeo e os pilotos Williams e Aston Martin pouco deram as caras na temporada.
De fato, o embate entre pilotos de mesma equipe é algo praticamente inerente ao contexto da F1. Agora que os nervos já estão à flor da pele, pode-se apenas esperar para ver o quanto as relações irão se moldar corrida após corrida.
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Nathalia Tetzner é estudante de Jornalismo e ama escrever sobre quase tudo. Seja debatendo cultura ou analisando Fórmula 1, ela sempre carrega consigo um senso crítico e social.
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