SOBRE O FIM DO DRS E O NOVO “MANUAL OVERRIDE MODE”

O carro protótipo da FIA baseado no regulamento de 2026.

Um dos pontos mais interessantes no novo regulamento de 2026, divulgado nesta quinta-feira, é que se espera que os carros terão, aproximadamente, 55% menos arrasto do que os atuais.

Com essa redução de arrasto prevista no novo regulamento, o DRS (Drag Reduction System, ou seja, Sistema de Redução de Arrasto) em sua forma atual não seria tão significativo.

Por isso, para 2026, ele não será mais uma ajuda nas ultrapassagens como é atualmente. Ainda teremos essa redução extra de arrasto, mas com dois padrões de configuração aerodinâmica: Os pilotos terão, por padrão, o modo Z (de maior pressão aerodinâmica) nas curvas, e o modo X (menor pressão) nas retas, independentemente de quão perto de outro carro eles estejam. 

Esses dois modos vem de mãos dadas com outra mudança aerodinâmica importante no novo regulamento: A asa dianteira agora também se tornará móvel e será uma parte muito importante tanto no modo X quanto no Z.

Mas o ponto central na questão das ultrapassagens é o seguinte: Os pilotos poderão usar o modo X e Z em todas as voltas (em zonas específicas previamente definidas). Ou seja: Dois carros próximos na reta no modo X já não terão mais uma diferença de desempenho no estilo que o DRS proporcionava com a sua abertura. E o que teremos, então? 

É aí que entra o novo “Manual Override Mode”, algo como “modo manual de ultrapassagem “. É uma função manual para que o carro que estiver atrás use mais energia do que o da frente. Essa energia é armazenada no MGU-K (que é a Unidade de Potência dos carros de F1, formada por um motor a combustão e um sistema de recuperação de energia). 

Quando o carro da frente atingir 290km/h, a distribuição de energia do MGU-K diminuirá gradualmente. O Manual Override Mode dará ao piloto que estiver atrás a oportunidade de continuar usando a energia elétrica por mais tempo, aumentando a sua potência em relação ao seu adversário.

Quando for ativado, o MGU-K poderá continuar implantando uma potência máxima de 350kW.

Ainda não sabemos exatamente quanto tempo a ativação durará, nem quantas vezes o piloto poderá usá-la por volta, mas a lógica segue a mesma ideia do DRS. 

Jan Mochaux, diretor técnico de monocoques da FIA.

Jan Mochaux, diretor técnico de monocoques da FIA, explica: “Para ajudar nas ultrapassagens, já que ambos os carros terão a asa traseira e a aba da asa dianteira aberta, vamos permitir que o carro de trás libere mais energia elétrica por um determinado período de tempo durante aquela volta.

Apesar de não termos mais o DRS, a lógica será a mesma: ‘Estou perto o suficiente de outro carro, recebo uma quantidade extra de energia para aquela volta, que posso distribuir da maneira que quiser’. Isso dará ao piloto em questão a chance de ultrapassar no final da reta.”

Jason Somerville, chefe de aerodinâmica da FIA.

Jason Somerville, chefe de aerodinâmica da FIA, fornece mais detalhes: “A diferença entre o DRS do carro atual e os planos para o carro de 2026 realmente se resume ao uso na volta. Atualmente, o DRS fornece uma ‘ajuda’ na ultrapassagem, e o seu uso é liberado quando se está a menos de um segundo do próximo carro, em pontos específicos do circuito.

Com o carro de 2026, daremos aos pilotos a capacidade de alternar entre os modos de alta e baixa pressão aerodinâmica, independentemente de qualquer outro fator. Assim, em pontos predefinidos da volta, o piloto poderá mudar para um modo de baixo arrasto para ter desempenho nas retas onde não há limitação de aderência. ao se aproximar da zona de frenagem, você voltará ao modo de alta pressão aerodinâmica.

Cada carro teria a capacidade de alternar entre esses dois modos, o que implicaria mover a asa traseira e reajustar a asa dianteira, e qualquer carro seguinte faria o mesmo.

Este é um sistema ativo que é controlado pelo piloto, embora ele receba um aviso, da mesma forma que recebe agora, para indicar quando ele pode ativar o modo de baixo arrasto. Depois, o sistema voltará ao modo Z, seja sob o controle do piloto ou através da frenagem”

Claro que esse é o primeiro passo nesse novo regulamento. Ele passará por ratificação no dia 28 de junho, na reunião do Conselho Mundial, e as equipes só poderão começar a projetar as peças a partir de janeiro de 2025.

Veremos se a ideia central da F1 dará certo: Melhorar o espetáculo e acirrar a competição entre as equipes. 

Fontes consultadas: The Race, Julianne Cerasoli, Racer, Racefans e Autosport. 

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DA REDAÇÃO.

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