Felipe Drugovich não precisou correr para se coroar o primeiro campeão brasileiro da Fórmula 2. Com a calma de quem se manteve consistente ao longo da temporada e precisamente guiou o carro da MP Motorsport, ele aguardou o resultado nos boxes para levantar a taça da categoria e deu mais um passo rumo a tão sonhada F1 como um dos pilotos reservas da Aston Martin.
No último sábado ensolarado em Monza, o paranaense tinha uma sprint race e um sonho: consolidar a vantagem a ponto de se tornar imbatível. Drugovich largou do quarto lugar e abandonou a corrida ainda na primeira volta quando sofreu uma colisão com Amaury Cordeel, mas, como ninguém pode atrasar quem nasceu para vencer, o vice-líder do Campeonato de Pilotos, Théo Pourchaire, se atrapalhou o suficiente para deixar o título escapar de vez pelas mãos.
De bandeira na mão e sorriso no rosto, o piloto celebrou o feito inédito na mesma data e local em que, há 50 anos, o Brasil comemorava o primeiro título na Fórmula 1 com Emerson Fittipaldi na Lotus. Considerada uma categoria de acesso, a F2 tem grande importância para os executivos do esporte. Lewis Hamilton, Pierre Gasly, Charles Leclerc e George Russell são alguns dos nomes que passaram pelo campeonato e compõem o atual grid da F1.
Segundo o regulamento, o campeão da Fórmula 2 não pode voltar para a disputa, por isso, nada mais necessário para o piloto do que se manter em contato com a velocidade de alguma maneira. Pouco menos de 48 horas separaram a glória de Felipe Drugovich e o anúncio de sua integração ao programa de desenvolvimento da equipe britânica Aston Martin.
O movimento não é uma plena garantia, afinal, o manto verde é dominado pelo filho do dono, Lance Stroll e, com a triste saída de Sebastian Vettel e a confusa entrada de Fernando Alonso, não é possível estimar o tempo que levará até uma vaga ser aberta. Porém, a chance do jovem piloto testar os carros da categoria de elite do automobilismo é preciosa e se prova a melhor aposta para o futuro de sua carreira no momento.
Colega de nação, Pietro Fittipaldi é piloto de testes oficial e reserva da Haas desde 2020 e, assim como Drugovich, está constantemente à procura de uma vaga. O país que não se enxerga nas pistas para além de um cidadão honorário, agora tem dois possíveis talentos no páreo para uma chance na Fórmula 1.
Vestindo o patrocínio de sua própria família em um cenário de pouco investimento em atletas nacionais, Drugovich é o mais novo candidato a dança das cadeiras da F1, onde deve mostrar que está pronto para vencer.
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Nathalia Tetzner é estudante de Jornalismo e ama escrever sobre quase tudo. Seja debatendo cultura ou analisando Fórmula 1, ela sempre carrega consigo um senso crítico e social.
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