
Neste 22 de fevereiro completam-se 10 anos do acidente mais misterioso da F1, que ocorreu durante a pré-temporada de 2015. O piloto em questão, campeão mundial e um dos principais do grid, bateu forte, perdeu a memória e foi proibido de correr o primeiro GP da temporada.
Não há vídeos do ocorrido e apenas algumas fotos. O chefe da equipe mentiu sobre o ocorrido, a primeira versão oficial da equipe foi descartada pelo próprio piloto… Mas afinal, o que aconteceu?
CONTEXTO
Antes, um pouco de contexto: O ano era 2015, segunda temporada após a nova regulamentação dos motores híbridos, que já via um domínio impressionante da Mercedes.
Nesse cenário, o espanhol Fernando Alonso, bicampeão mundial, escolheu deixar a Ferrari antes do fim do seu contrato e mudar-se para a rival McLaren, que agora teria os motores Honda (os mesmos da época dourada de Senna e Prost). Era o retorno de Alonso à McLaren, após uma saída conturbada no final de 2007.

O ACIDENTE
Espanha, Montmeló. Domingo, 22 de fevereiro. Último dia da segunda bateria de testes pré-temporada daquele ano (foram 3 baterias de 4 dias cada). Nessa altura já sabia-se que o carro da McLaren era muito, mas muito ruim. Ela terminaria a temporada na PENÚLTIMA posição.
Vale lembrar que naquela época as informações sobre os testes pré-temporada eram bem limitadas. Não havia transmissão na TV, não havia vídeos oficiais, nada.

Chegam as primeiras notícias: Fernando Alonso saiu da pista na curva 3 e bateu no muro. Até aí, um acidente normal. Mas as cenas posteriores começaram a gerar preocupação: A equipe médica fez o atendimento de Alonso na pista mesmo, e cobriu com uma lona para evitar qualquer registro dos fotógrafos. O jornal italiano “La Gazzetta dello Sport” publicou relatos dos mecânicos da McLaren na hora do acidente: “Chamávamos o Fernando, mas pela rádio só ouvíamos gemidos estranhos e abafados e, depois de um gemido final, ficou o silêncio”.

Logo em seguida, Alonso foi levado para uma ambulância e encaminhado de helicóptero para o Hospital Geral da Catalunha.
Após ser internado, na tarde do domingo, Alonso passou por exames de tomografia e ressonância magnética, que não mostraram qualquer anomalia após a perda de consciência ocorrida no momento do acidente. Na seguda, para acalmar os ânimos, o empresário de Alonso postou uma foto do piloto acordado e sorrindo no hospital.

Inicialmente, a previsão era que Alonso ficasse de observação por 24 horas, mas ele acabou ficando internado três dias. O procedimento causou estranheza do ex-chefe dos médicos da Fórmula 1, Gary Hartstein: “Por definição, uma sedação de sucesso na segunda-feira não deveria requerer qualquer tipo de recuperação por si só na terça-feira”.
E os rumores iam aumentando.
Pra ajudar na confusão, Ron Dennis, chefão da McLaren, admitiu ter MENTIDO sobre o acidente, dizendo que Alonso NÃO teria sofrido uma concussão (alteração da função mental ou do nível de consciência, causada por um traumatismo craniano). Logo depois ele voltou atrás e esclareceu melhor a história:

Tudo saiu do controle quando alguns dias depois o jornal El País, um dos mais importantes e respeitados da Espanha, publicou uma matéria bombástica: Por conta da concussão forte, Alonso perdeu a memória totalmente após o acidente e acordou no hospital achando que estava em 1995 (!) e que corria de kart! Ele demorou cerca de uma semana para recuperar todas as lembranças daqueles últimos 20 anos, o que poderia explicar o fato dele ter ficado internado vários dias no hospital.
Alonso posteriormente também negou essa versão e disse e que se lembrava de tudo perfeitamente, mas admitiu que perdeu a consciência logo depois da batida, ao ser sedado pelos médicos. Enfim…

Após ter perdido o restante dos testes pré-temporada, e com os rumores aumentado em torno da sua real condição física, no dia 3 de março a McLaren, em comunicado oficial, confirmou: Alonso estava FORA do GP inaugural da temporada.
Fernando já estava recuperado totalmente, mas os médicos indicaram que seria melhor evitar uma longa viagem (a primeira corrida era na Austrália) e não expor o piloto a um possível “Síndrome do Segundo Impacto”, uma complicação grave e rara que pode ocorrer quando uma pessoa sofre uma segunda concussão antes de se recuperar da primeira.
MAS AFINAL, O QUE CAUSOU O ACIDENTE?
É aqui que o assunto fica mais misterioso ainda, com várias versões e muitas contradições. Diversos jornais respeitados publicaram diferentes causas e hipóteses: Descarga elétrica dentro do carro (Aaimprensa italiana afirmou que o piloto confidenciou a amigos próximos ter sentido um “grande choque na coluna”), falha mecânica, ventos fortes, e por aí vai.

A primeira versão oficial da McLaren culpa as fortes rajadas de vento do circuito naquele dia, e descarta completamente qualquer falha mecânica ou elétrica no carro: “Podemos afirmar categoricamente que não há nenhuma evidência que indica que o carro de Fernando sofreu qualquer tipo de falha mecânica. Podemos confirmar também que absolutamente nenhuma perda de pressão aerodinâmica foi registrada. Por fim, podemos garantir que nenhuma descarga elétrica ou qualquer tipo de irregularidade ocorreu no sistema de recuperação de energia (ERS) do carro seja antes, durante ou depois do acidente. Esse último ponto refuta os boatos errôneos que se espalharam de que Fernando estava inconsciente em razão de uma falha elétrica”
O curioso é que o PRÓPRIO ALONSO descartou essa hipótese dias depois: “Nem mesmo um furacão poderia afetar o carro naquela velocidade. Provavelmente as primeiras respostas que a equipe e meu empresário deram foram suposições. Você não pode ficar em silêncio por três ou quatro dias até eu me lembrar. Isso teria sido ainda pior. Eles deram a teoria do vento, mas obviamente não ajudou. Tivemos um problema de direção no meio da curva 3. O volante travou para a direita, eu me aproximei do muro, freei no último momento e reduzi de quinta para terceira. Está claro que houve um problema no carro. Ele não foi encontrado nos dados até o momento. Não há uma resposta clara”

Passaram-se mais alguns dias e a McLaren finalmente admitiu não saber o certo o que causou o acidente, refutando assim o discurso inicial: “Depois de conduzir uma detalhada análise, estamos confiantes de que o acidente não foi causado por um mal funcionamento do carro de nenhuma natureza. E da mesma forma, os testes de monitoramento a que Fernando foi submetido não revelaram qualquer anormalidade. Mas não se sabe exatamente por que o acidente ocorreu”.

Alguns meses depois do ocorrido alguns jornais e portais importantes, como a Sky Sports, ainda se perguntavam as causas reais do acidente, admitindo que provavelmente nunca saberemos o que realmente aconteceu naquela manhã de domingo no circuito de Montmeló.
A verdade é que, 10 anos depois, Fernando Alonso continua firme e forte e vai encarar sua 22º temporada completa na Fórmula 1, com a Aston Martin. Vida longa, Fer!
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