Além dos limites impostos: Nicolas Hamilton a todo vapor

Seis de outubro é o Dia da Conscientização sobre a Paralisia Cerebral, um tipo de condição que a maioria das pessoas, infelizmente, possui muita desinformação e preconceitos. Nicolas Hamilton, irmão mais novo do heptacampeão de Fórmula 1, Lewis Hamilton, possui paralisia cerebral e é um exemplo de que a discriminação é, na verdade, um grande limitador de grandes talentos PcD no automobilismo e em diversas profissões.

A paralisia cerebral não necessariamente envolve comprometimento cognitivo. E, PcD, por um lado, podem desenvolver uma gama muito ampla de possibilidades de profissões e atividades, embora a discriminação frequentemente as limite de forma descomunal no automobilismo e no mercado de trabalho; por outro modo, a história de Nicolas nos mostra algo diferente quando há suporte e informação. 

O piloto britânico Nicolas Hamilton nasceu em mil novecentos e noventa e dois e, desde cedo, costumava acompanhar seu irmão Lewis nas corridas. Em 2011, Nicolas começou a correr profissionalmente de motorsport na Copa Renault Clio do Reino Unido e finalizou o ano inicial deles nas corridas na décima quarta posição. Desde 2015, o piloto número #28 corre na British Touring Car Championship (BTCC). 

Além de piloto, Nicolas é palestrante motivacional e inspira pessoas com e sem deficiência a darem o melhor de si, dentro do limite de cada uma, e a acreditarem que é possível realizar o que sonham. Em 2014, Nicolas Hamilton escreveu o livro “Now That I Have Your Attention: 7 Lessons in Leading a Life Bigger Than They Expect (English Edition)” (“Agora que eu tenho sua atenção: Sete Lições para levar uma vida melhor do que as pessoas esperam”),  em uma tradução livre.  

Outro feito que Nicolas também faz questão de destacar é que  ele consegue o dinheiro do patrocínio para correr sozinho, sem o apoio financeiro do irmão Lewis Hamilton. Inclusive, Nic até afirma que ser um Hamilton facilita a angariação de recursos para o automobilismo, mas seu esforço em buscar subsídios para correr sem ajuda do irmão mais velho é validado pelo próprio Lewis.  

Lewis e Nicolas em 2025

Por tudo isso, entre as lições que podem ser tiradas da história de Nicolas Hamilton, é que a desinformação impede não só o acesso de PcD e minorias a muitas profissões e atividades, mas induz a perda de muitos talentos. Além de esportistas, grandes líderes e funcionários se perdem todos os dias porque são discriminados na lógica do mercado. E, muito mais relevante que isso, independentemente de aptidões, seja nas arquibancadas, nos boxes, no mercado de trabalho, nas ruas ou nos nossos lares, não faz sentido desumanizar pessoas com o argumento único da diferença.

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Ester dos Santos é cientista política e idealizadora da consultoria Caminhos de Equidade.

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