Os tifosi pintaram o Autódromo Enzo e Dino Ferrari de vermelho durante o final de semana de ação na pista, em Imola, quintal da Scuderia Ferrari, para o Grande Prêmio da Emília-Romanha. A escuderia de Maranello voltava para correr em casa como uma das favoritas e tinha tudo para levar mais um bom resultado, mas eles apenas não contavam com uma coisa: o azar.
O Grande Prêmio da Emília-Romanha foi a primeira das três corridas Sprints marcadas para acontecer neste ano, e assim, o formato do final de semana sofre algumas mudanças. Ao invés de três treinos livres, há a realização de apenas dois, o primeiro na sexta-feira e o segundo no sábado. A classificação passa a ser na sexta-feira e o resultado dela direciona as posições para a Sprint de sábado, que define a largada de domingo.
Para a Ferrari, durante o primeiro treino livre, os resultados com Charles Leclerc — fazendo o melhor tempo — seguido por seu companheiro de equipe, Carlos Sainz, mostravam a consistência da dupla para o final de semana. Mas isso mudou durante a classificação, pelo menos para um dos pilotos. Sainz vinha para fechar uma boa volta no Q2 quando acabou batendo contra o muro de segurança, causando uma bandeira vermelha. Mesmo com o acidente, o espanhol, que tinha garantido um bom tempo, passou para o Q3, mas como o carro estava danificado, apenas conseguiria largar na Sprint em décimo lugar. Já Charles ficou apenas com o segundo melhor tempo na classificação, atrás de Max Verstappen, da Red Bull.
Para a Sprint, que teria uma duração de apenas 21 voltas, a Ferrari precisaria usar duas estratégias: Leclerc manter ou subir uma posição logo na largada e Sainz realizar uma corrida de recuperação e alcançar o melhor resultado possível.
Charles largou bem, conquistou a liderança, mas nas voltas finais o seu pneu sofreu com uma forte degradação, o que o fez perder ritmo e assim foi ultrapassado por Verstappen. Já Sainz conseguiu subir de décimo para quarto lugar. Com isso, a configuração da largada de domingo nos mostrava algo que estamos começando a nos habituar: a Ferrari largando entre os dois carros da Red Bull.
A escuderia de Maranello queria levar a vitória para casa e quem sabe a segunda dobradinha do ano no seu país, e eles tinham chances de conseguir a conquista. Quando as luzes vermelhas se apagaram, sob o céu cinzento de uma promessa de chuva que não veio, a Ferrari foi da sorte ao azar em questão de segundos.
Leclerc largou mal, não conseguiu atacar Verstappen, foi ultrapassado por Sergio Perez e Lando Norris, e acabou caindo para quarto lugar. A sorte foi ainda menos favorável para Carlos Sainz, que pelo segundo Grande Prêmio consecutivo abandonou logo na primeira volta. Dessa vez, por causa de um toque com Daniel Ricciardo, da McLaren, na Tamburello, após uma pequena confusão no meio do pelotão na largada.
As fichas da Ferrari se voltaram para Charles, que precisava marcar o máximo de pontos possíveis para a equipe com apenas um carro na pista.
Após a saída do Safety Car, para a retirada do carro de Sainz da brita, o monegasco conseguiu atacar Norris e recuperar o terceiro lugar. Ele chegou a abrir uma grande vantagem do carro 4 da McLaren enquanto tentava se aproximar de Perez.
Durante a parada para os Pits Stops, Leclerc até conseguiu voltar na frente de Sergio Perez, mas os pneus do mexicano estavam mais aquecidos e ele não precisou fazer muito esforço para ultrapassar a Ferrari e abrir vantagem. Charles teve chances de ultrapassar o carro da Red Bull, mas sem o DRS — que demorou para ser liberado pela direção de prova — a conquista do segundo lugar se tornava cada vez mais difícil.
Um terceiro lugar parecia ser tudo o que a Ferrari conseguiria conquistar, depois de um final de semana complicado para a equipe. O pódio para Leclerc parecia estar garantido, mas foi na volta 53 que ele escapou das mãos do monegasco. Ao passar por cima de uma zebra, Charles rodou e deu um leve toque na Variante Alta, com isso, ele foi ultrapassado por Norris. O piloto ainda teve que parar para trocar o bico, que foi danificado, e colocar novos pneus. Com a parada, Charles caiu para nono, mas acabou terminando em sexto, ao ultrapassar Sebastian Vettel e Yuki Tsunoda, que estavam com os pneus mais desgastados.
Sobre o incidente de Leclerc, Mattia Binotto, chefe da Ferrari, garantiu que não teve nada a ver com a pressão. “Os pilotos de corrida estão acostumados a dirigir no limite. Os carros têm suspensão mais dura este ano. Se você ficar muito alto na “zebra” pode perder o carro”, declarou. Ele ainda acrescentou que gostaria de ter trazido um resultado melhor na frente de todos os fãs. “Foi uma corrida difícil (…) Naturalmente, estamos desapontados, mas haverá outras corridas e oportunidade para colocar um sorriso em seus rostos.”
O resultado deixou os corações dos fãs da Ferrari partidos e realmente não foi o melhor dia para a equipe. Mas, a escuderia ainda mantém a liderança do campeonato com 124 pontos. Com a dobradinha da Red Bull na casa da Ferrari, a equipe austríaca encosta neles, com uma diferença de apenas 11 pontos. Leclerc, que levou 15 pontos para casa durante todo final de semana (7 pontos pelo segundo lugar na Sprint e 8 na corrida de domingo), se mantém como líder do campeonato.
Binotto prometeu atualizações significativas na aerodinâmica dos carros para o próximo GP, que acontece em Miami entre os dias 06 a 08 de maio, e todos os tifosi esperam que a Ferrari tenha mais sorte em solo americano do que em italiano.
Larissa Gambirazi é natural da cidade de São Paulo e desde pequena sempre foi apaixonada por ouvir e contar boas histórias, através destas duas paixões decidiu qual carreira gostaria seguir. Atualmente, é formada em Jornalismo, especialista em Jornalismo Esportivo e apaixonada pelo automobilismo.
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