No último domingo tivemos uma corrida alucinante, talvez a melhor da temporada, mas, mesmo sendo eletrizante, a corrida nos lembrou dos perigos que os pilotos estão sujeitos a cada etapa, e nos mostrou que a categoria está preparada para lidar com isso.
Logo na primeira volta, dois acidentes aconteceram. Em um deles, a Williams de Alexander Albon foi tocada e o piloto tailandês perdeu o controle do carro batendo contra o muro. O outro acidente foi envolvendo Gasly, Russel e Zhou, onde Gasly tentou ultrapassar Russel e Zhou pelo meio, mas acabou sendo fechado pelo piloto inglês. Russel perdeu a traseira de sua Mercedes e acabou batendo no carro de Zhou que ficou com as quatro rodas para o alto.
A Alfa Romeo do chinês não perdeu velocidade, decolou, passou por cima da barreira de pneus e só foi parar entre a barreira e o alambrado da arquibancada. Uma cena chocante e que não era vista a muito tempo no esporte. Pela posição em que o carro do piloto chinês ficou parado, tirou-se a conclusão que, mais uma vez, o halo salvou uma vida. Passado tudo isso, a discussão sobre a segurança na categoria voltou à tona.
Um acidente semelhante ao de Silverstone, pela situação de corrida, aconteceu em 11 de setembro de 1961, durante a segunda volta do GP da Itália, em Monza. Nela, Wolfgang von Trips, que corria pela Ferrari, só dependia de si para conquistar o título mundial. O alemão conquistou a pole position no sábado, porém largou muito mal e perdeu 5 posições ainda na primeira volta. Quando estava para fechar a segunda volta, se aproximando da curva Parabólica, von Trips foi se defender de Stirling Moss, que também brigava pelo título, mas os carros tocaram e a Ferrari do alemão decolou em direção à torcida no acidente mais fatal nos mais de 70 anos de história da Fórmula 1, matando 15 espectadores e o piloto.
A comparação é praticamente inevitável. Em ambos acidentes os carros foram tocados e decolaram em direção aos torcedores. No primeiro citado, durante a 11ª temporada oficial da categoria, 16 pessoas morreram, no outro sequer uma pessoa se feriu, o que mostra a evolução e os esforços que a Federação Internacional do Automobilismo (FIA) vem fazendo, em todos esses anos, para garantir que esse esporte de alto risco ofereça o menor perigo possível, tanto para os pilotos, como para os fiscais de pista envolvidos e os espectadores.
Desde Onofre Marimón (primeira vítima fatal em uma corrida oficial de Fórmula 1) na Alemanha em 1954, até Jules Bianchi (última morte na categoria) no Japão em 2014, os protocolos de segurança foram evoluindo, mas o acidente deste último domingo mostra que, mesmo minimizados, os perigos da categoria ainda se fazem presentes e mostram como a Fórmula 1 adere às novas tecnologias em prol da proteção de pilotos (como o Halo, por exemplo) e vem lidando com a segurança de todos envolvidos em um fim de semana de corrida.
Para o resto da temporada, basta ver como o piloto Zhou vai reagir. É comum que um piloto jovem tenha altos e baixos em sua estreia e o chinês vem tendo um ano regular até aqui, chegando próximo de Bottas em algumas etapas, ficando inclusive à frente de seu companheiro em uma corrida (Arábia), e conquistando 5 pontos.
Após a experiência vivida no acidente, Zhou terá que mostrar maturidade e manter o foco para conseguir seus resultados satisfatórios na temporada. Quanto à segurança, podemos ter certeza que na próxima vez que Silverstone receber a Fórmula 1, o autódromo será ainda mais seguro, seja com uma brita diferente ou uma área de escape maior.
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Marcelo Freitas tem 20 anos e é estudante que atualmente está no 3º período de jornalismo. É, também, um fã de Fórmula 1 da “Geração Drive to Survive” mas que gosta de estudar sobre o passado para tentar prever possíveis cenários do futuro da categoria.
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