Tudo ocorria normalmente para Nicholas Latifi durante o fim de semana do Grande Prêmio da Áustria. O clima na equipe não poderia ser melhor, pois além de ter realizado a sua estreia naquele mesmo circuito em 2020, Latifi também chegaria a marca de 50 corridas iniciadas. No entanto, tudo isso não durou muito tempo, já que de forma repentina (e rapidamente televisionada pela Liberty Media) o piloto entrou para os boxes e abandonou a corrida.
Sendo o único piloto do grid sem nenhum ponto este ano, Nicholas Latifi também precisa lidar com uma outra pressão: o constante risco de não ter seu contrato renovado para 2023, conforme vem sendo especulado desde junho pelo portal RacingNews365. O motivo não poderia ser mais óbvio, uma vez que desde 2020 o piloto teve mais abandonos (9) do que pontos (7), sendo superado em 2020 e 2021 por George Russell (que marcou 18 pontos) e nesta temporada por Alexander Albon, que marcou todos os 3 pontos da equipe até o momento.
No entanto, para a Williams o problema não é apenas o desempenho de Latifi, mas principalmente, as constantes batidas que o piloto se envolve, algumas delas sozinho. Tais batidas têm custado, literalmente, muito caro para a equipe, ainda mais em uma temporada com um teto de gastos. E para piorar a situação do piloto, no GP do último domingo ele precisou abandonar a corrida, em uma decisão, que segundo Latifi, foi tomada em conjunto com a equipe para poupar o motor, dado que o assoalho do carro havia sido danificado por detritos na pista (provavelmente dos carros de Pérez e Russell) e seu desempenho estava diminuindo gradativamente.
Diferentemente do que outras equipes fizeram com seus pilotos, a Williams não entregou carros diferentes para nenhum de seus atletas. O FW44-6 não tem nenhuma diferença que tenha piorado o desempenho de Nicky quando comparado com o carro do seu companheiro de equipe. Na verdade, o único GP em que o FW44 de Albon possuiu alguma vantagem foi em Silverstone, corrida para a qual a Williams trouxe inúmeras atualizações, assim como todas as equipes, .
De acordo com a Williams, o motivo de somente Albon ter ido para Silverstone com um carro atualizado, é a sobrecarga na fábrica da equipe, que se agrava toda vez que os pilotos se envolvem em novas batidas. Por isso, o acidente envolvendo Alex Albon antes da primeira volta no GP do Reino Unido, além de ter feito com que todo o trabalho dos engenheiros fosse por água abaixo, também representa para Latifi uma espera ainda maior no recebimento das atualizações em seu carro, já que elas nem puderam ser testadas em Silvestone.
Atualmente a Williams é a última equipe no campeonato de construtores, sendo a única equipe que não conseguiu chegar nem aos dois dígitos na pontuação, estando apenas com 3 pontos (todos de Alexander Albon). É por isso, que caso Latifi continue apresentando péssimos resultados para a equipe, torna-se cada vez mais provável que ele veja seu assento sendo ajustado para o jovem piloto australiano Oscar Piastri, que tem sido amplamente cogitado para assumir o posto. Além disso, o fato de Albon ter conseguido chegar duas vezes entre os dez primeiros do grid, coloca ainda mais pressão nas costas de Latifi.
Portanto, para a redenção de Nicholas Latifi, será necessário muito mais que uma boa corrida em Silverstone, onde quase disputou posição com Max Verstappen. Se tudo continuar como está dentro da equipe, Nicky verá cada vez mais o seu lugar na F1 indo embora e nem mesmo o pesado patrocínio da Sofina Foods (empresa fundada por Michael Latifi, pai de Nicholas) será capaz de segurar o “merecido” assento do canadense na F1.
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Jorge Willian Ferreira Gonçalves é graduando em Relações Internacionais pela UFG, além de gostar de estudar e pesquisar sobre Leste-Europeu e Ásia Central, também é entusiasta da aviação e da Fórmula 1.
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