A influência do ambiente cinematográfico no crescimento do público da F1 

O casamento entre a Fórmula 1 e a Netflix deram ótimos frutos, como o aumento de audiência na categoria, com a entrada de um público mais jovem 

Imagem: Motorsport

Neste mês de fevereiro, lançou quinta temporada da série documental sobre os bastidores da Fórmula 1, “Drive to Survive”. Uma colaboração com a Netflix desde 2018 e produzida pelo britânico James Gay-Rees, vencedor do Oscar de melhor documentário de longa-metragem, em 2016 pela obra Amy, é um dos maiores sucessos da plataforma. Com esse investimento no mundo cinematográfico, houve um aumento de audiência nas televisões e público nas corridas.  

Desde o século XIX, com a primeira exibição cinematográfica feita pelos irmãos franceses Lumière, esse universo está intrínseco em nossa sociedade, com o intuito de fazer o espectador se emocionar ou refletir. Quando temos uma fusão entre o mundo dos esportes e o universo das telinhas com boas produções, há grandes chances de ser sucesso, em virtude da curiosidade do público em relação aos acontecimentos nos bastidores, como o atleta e equipe se comportaram em certas decisões, desentendimentos antigos ou atuais, que viralizaram na mídia.  

O filme “Ford Vs Ferrari” é um exemplo disso, além de ser um sucesso de bilheteria, foi indicado a 4 categorias do Oscar e levou duas estatuetas nas categorias de Melhor edição e Melhor edição de som. Lançado em 2019, a trama retrata sobre a épica rivalidade das duas montadoras, especificamente na edição de 1966 das 24 Horas em Le Mans, em que a Ford investiu alto e terminou com a hegemonia da Ferrari, que tinha conquistado as 6 corridas anteriores em Sarthé. 

(Imagem:Getty Images) 

Para atingir uma maior popularidade, é natural que certas organizações esportivas recorram ao mundo cinematográfico. No caso da Fórmula 1, a Liberty Media, empresa norte-americana dona da categoria desde 2016, faz um grande trabalho de divulgação nas mídias digitais.  

O resultado disso é um grande crescimento do público jovem, que até então, não tinha interesse no esporte. Uma pesquisa feita pela consultoria Nielsen Sports mostra como esse investimento deu certo, nela revelou que, em 2020, o público da Fórmula 1 cresceu 73 milhões de pessoas em países como Brasil, China e Estados Unidos. Cerca de 77% desse crescimento vem da faixa etária de 16 a 35 anos.  

Outro fato desse sucesso é que em 2021, o GP de Austin, nos EUA, trouxe o maior público da história da categoria, com 400.000 de espectadores, em um país que sempre deu mais importância para as corridas da Nascar.  

Como diversas produções, há diversas críticas do público em relação a série, vai de assuntos importantes, que ocorreram durante o GP e poderiam ser tratados, foram descartados até o sensacionalismo em rivalidades inexistentes. O caso do GP de São Paulo em 2021, que trouxe uma das melhores corridas do ano, merecia um foco maior na quarta temporada.  

O sucesso do formato, criou-se um público que começou a assistir a categoria, a chamada “Geração DTS”. Com a chegada dessas pessoas, gerou uma irritação dos fãs antigos, como o argumento que mais é dito nas redes sociais “Eles só se preocupam com a beleza dos pilotos do que com o desempenho”. A ignorância desse grupo mais antigo faz com que eles esqueçam que já foram jovens e que, provavelmente, um fator exterior já os chamou atenção para assistir ao esporte.  

Sempre haverá a curiosidade de fãs e pessoas que ainda não assistem o entretenimento, de ver como são os bastidores de uma corrida. O casamento entre o mundo dos esportes e o ambiente cinematográfico é lucrativo para ambos os lados, sendo uma das estratégias mais inteligentes para aumentar a audiência de uma categoria. 

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Joyce Rodrigues é uma carioca de 20 anos, que está cursando o terceiro período de jornalismo. Ama escrever sobre esportes. A Fórmula 1 é uma das suas maiores paixões desde os seus 14 anos.

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