Protestos e cores do arco-íris assustam a FIA

Recentemente, a Federação Internacional de Automobilismo divulgou regras que limitam manifestações políticas (Foto: @MercedesAMGF1 no Twitter) 

Há poucos dias da primeira race week de 2023, a FIA anunciou uma série de medidas punitivas para os pilotos que protestarem sem a autorização prévia dos comissários. Nos últimos anos, manifestações políticas na Fórmula 1 se tornaram atos recorrentes, um reflexo natural de uma sociedade que tende a caminhar para o progresso. Porém, para o elitismo do alto escalão do esporte, tais ações são um remédio bem difícil de engolir. 

A caminho do Circuito Internacional do Bahrein, país que fere incontáveis artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, as cores do arco-íris assustam a Federação Internacional de Automobilismo mais do que qualquer outra forma de expressão. Desde o Grande Prêmio da Hungria e do Catar em 2021, o apoio à comunidade LGBTQIA+ esteve ilustrado nos capacetes de Sebastian Vettel e Lewis Hamilton e, agora, o britânico repete o gesto. 

Durante o evento de lançamento do W14, o piloto Mercedes afirmou: “Nada vai me impedir de falar sobre as coisas pelas quais sou apaixonado. O esporte tem a responsabilidade de falar e conscientizar sobre temas importantes”. Até o momento, Max Verstappen, Alexander Albon, Carlos Sainz, George Russell, Kevin Magnussen, Lando Norris, Sergio Pérez e Valtteri Bottas se uniram em oposição à decisão da Federação Internacional de Automobilismo. 

Por outro lado, se existe algo tão preciso na F1 quanto a certeza de que os carros irão correr nas pistas, este é o fato de que uma temporada não começa sem falas polêmicas do chefe de equipe da Red Bull, Christian Horner, nos bastidores. Dessa vez, ele inicialmente resolveu opinar a favor do veto, chegando a dizer ao jornal The Post que o esporte é um escapismo e que não deve ser usado como ferramenta política. 

Mas, logo depois do seu pupilo Verstappen expor indignação, Horner adotou um discurso mais ponderado para a mídia britânica, em que a liberdade de expressão seria fundamental. Segundo ele: “No mundo em que vivemos hoje, todos têm uma voz e isso não deveria ser suprimido. […] Não queremos um monte de robôs sem opinião, que só correm. Como todas as coisas, precisa ser um equilíbrio sensível”, concluiu. 

De acordo com a nova norma, para algum piloto se manifestar acerca de questões políticas, religiosas e pessoais, uma solicitação deve ser feita com quatro semanas de antecedência, sendo protestos livres nas redes sociais ou para a imprensa cadastrada a única exceção. As possíveis punições a quem descumprir as regras variam desde advertências, perda de posições no grid e largada obrigatória do pit lane até perda de posição no campeonato, suspensão e serviço comunitário. 

A verdade é que a política e o esporte correm lado a lado na Fórmula 1, principalmente quando acordos e negociações são realizados pela FIA com o objetivo central de gerar lucro, como visto na maior parte do tempo em que as ações da Liberty Media pesam no resultado final. Com as novas regras que limitam manifestações políticas, a categoria coloca um alvo nas costas de seus próprios pilotos e mostra que morre de medo dos protestos e das cores do arco-íris. 

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Nathalia Tetzner é estudante de Jornalismo e ama escrever sobre quase tudo. Seja debatendo cultura ou analisando Fórmula 1, ela sempre carrega consigo um senso crítico e social. 

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