As mulheres na F1 contemporânea 

É comum ouvir as pessoas questionarem por que não existem mulheres na F1 atual ou relacionar a presença feminina na principal categoria de automobilismo apenas às chamadas wags (namoradas ou esposas de pilotos e de personalidades destacadas do grid). O objetivo deste artigo é mostrar que há muitas mulheres em funções distintas na F1, que contribuem de forma essencial para o funcionamento da categoria.

É preciso salientar que as mulheres atuam em diversas áreas da F1, como engenheiras, mecânicas, profissionais da imprensa, piloto de teste, entre outras funções. As mulheres merecem ter seu trabalho reconhecido em todas as categorias de automobilismo, com a mitigação de preconceitos contra elas,  e meninas e mulheres devem receber incentivos para poder também para poderem trabalhar nesta área com equidade para o bem comum.

Por exemplo, na parte de engenharia, alguns dos exemplos mais notáveis são Hannah Schmitz e Laura Müller. Hannah é a engenheira de estratégia da Red Bull e frequentemente possui função fundamental nas vitórias de Max Verstappen, especialmente quando as situações são adversas na corrida. A própria transmissão começa a filmá-la neste momentos de tensão, porque ela consegue traçar estratégias brilhantes que só Max Verstappen conseguiria fazer com o carro que possui.

Já Laura Müller, engenheira do piloto Esteban Ocon da Haas, é a primeira engenheira de pista da história da F1 e assumiu esta função neste ano de 2025. Existem outras engenheiras nas fábricas ou em diversas outras funções nas equipes, mas Laura tem esse marco de ser a primeira engenheira na F1 função de conversar com o piloto durante os treinos e a corrida. E existem várias mecânicas – que, em geral também são engenheiras – em diversas equipes do grid. Isso mostra que habilidades como força, agilidade e bom manuseio de carros não é assunto apenas de homem.

Além disso, nas profissões de imprensa, como jornalistas, fotógrafas, publicitárias, estão presentes há mais tempo no grid. Aqui no Brasil temos, por exemplo, a Mariana Becker, repórter in loco de F1 há muitos anos e falante de cinco línguas, além de já ter sido navegadora e pilota no rally dos sertões. Julianne Cerasoli também é uma referência, trabalhando in loco na cobertura da F1 há 20 anos. Naomi Schiff, na Inglaterra, é também uma ex-pilota do programa de pilotos da Mercedes que se tornou jornalista.

Contudo, a falta de pilotas no grid oficial da F1 ainda é um ponto frágil. Mas existiram mulheres na história da principal categoria de automobilismo (veja a lista completa delas neste post especial). Existem diversas barreiras socioculturais que atrapalham as mulheres a se tornarem pilotos oficiais da F1. Apesar disso, estratégias têm sido feitas, nos últimos anos, para impulsionar carreiras de mulheres pilotos, como a F1 Academy, categoria de automobilismo exclusivamente feminina, feita para dar destaque à carreira de pilotos mulhere e que conta com Susie Wolff com sua diretora administrativa. Várias destas equipes estão ligadas a equipes de F1 e as pilotos da F1 Academy participam do programa de desenvolvimento da principal categoria do automobilismou mundial.

As mulheres estão presentes em diversas funções dentro e fora dos autódromos da F1 além da que foram citadas neste texto: marshalls, voluntárias em geral, profissionais de saúde – Angela Cullen, fisioterapeuta de Lewis Hamilton, tem uma função muito relevante nas vitórias e vida do atleta -,  torcida, donas de mídia independente etc.

Com base em tudo isso, é preciso que existam mais iniciativas para que mulheres possam aprender consistentemente disciplinas exatas para assumirem carreiras neste segmento tecnológico. Alem disso, é preciso uma mitigação dos preconceitos sociais aliada à uma política de incentivos para que uma diversidade de mulheres possam ser bem recebidas no automobilismo. Com mais equidade de gênero e etnia no automobilismo, haverá mais aproveitamento de talentos e mais competitividade.

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Ester dos Santos é mestranda em Ciência Política, na UnB, acompanha Fórmula 1 desde 2009 e ama falar de automobilismo, política e assuntos afins.