Alguns fatores são fundamentais para um bom desempenho em uma corrida na Fórmula 1, como: a concentração, o esforço e os bons reflexos dos pilotos, a agilidade de lidar com imprevistos que podem acontecer, um plano B caso algo dê errado, uma boa comunicação entre piloto e equipe, e a elaboração de uma estratégia excelente. A somatória de todas elas executadas com perfeição podem resultar em um bom desempenho durante uma corrida importante. Mas, e quando uma delas falha? Foi o que aconteceu com a Ferrari no Grande Prêmio de Mônaco.
Era para ser um final de semana perfeito. A Ferrari se mostrava dominante desde os treinos livres com Charles Leclerc, que corria nas ruas conhecidas de seu principado. O monegasco liderou duas das três sessões de treinos livres, e Carlos Sainz vinha sempre logo atrás de seu companheiro de equipe por milésimos de segundo.
No sábado, eles ainda conseguiram fechar a primeira fila para a largada de domingo, com Charles marcando a sua décima quarta Pole Position no extraordinário tempo de 1:11.376, e a diferença dele de Carlos, que vinha em segundo lugar, era de menos de 0.3 segundos. Aquele era o resultado perfeito para uma corrida que tinha tudo para ser da Scuderia Ferrari mais uma vez.
Mônaco é conhecido por ser um circuito estreito, de baixa velocidade e poucas ultrapassagens, com chuva, como a que caiu no domingo, pode tornar as coisas um pouco mais interessantes e na maioria das vezes o Pole Position acaba sendo o vencedor da corrida. Isso aconteceria com Charles Leclerc pela primeira vez e seria uma vitória histórica, pois o piloto estaria subindo na parte mais alta do pódio em casa e seria o primeiro monegasco a realizar tal feito.
Leclerc vinha dominando a prova com os pneus de chuva pesada enquanto a pista ia secando volta após volta, chegando a abrir 6 segundos de vantagem contra o seu companheiro de equipe, que fazia de tudo para segurar as duas Red Bull que vinham logo atrás desejando levar os máximos de pontos para a equipe. As ultrapassagens pareciam ser impossíveis e a dobradinha da escuderia italiana se mostrava ser uma realidade.
Mas, Charles não contava com o fator que seria decisivo no restante da sua prova: um erro cometido por sua equipe e a falta da clareza de comunicação.
A Ferrari decidiu parar o piloto da casa primeiro e colocar os pneus intermediários, na volta 18, mas Sainz foi chamado para o box três voltas depois para colocar pneus slicks. Só que Leclerc também foi chamado mais uma vez, apenas para ser instruído a ficar na pista logo em seguida. Entretanto, a comunicação de seu engenheiro foi tardia, e o monegasco já havia entrado no pit lane.
Foi então que o caos foi instaurado na escuderia de Maranello. Charles ficou um total de quatro segundos a mais nos boxes do que o seu companheiro de equipe, que trocava os pneus. Quatro segundos em uma pista curta e de difícil ultrapassagem como Mônaco é o pesadelo de qualquer piloto. Quando a dupla da Ferrari voltou para pista, Sergio Perez já havia assumido a liderança, Carlos ficou com o segundo lugar e Charles caiu para P4, atrás de Max Verstappen.
O sonho da dobradinha e da vitória de Leclerc em casa já não era mais uma realidade.
A Ferrari subestimou o ritmo dos pneus intermediários em certo momento, e percebeu isso tarde demais. Além disso, eles ainda ficaram completamente confusos assim que chamaram Charles e o mandaram ficar na pista logo em seguida, quando poderiam ter esperado uma ou duas voltas para fazê-lo e assim, trocar direto para os pneus slicks.
Com isso, a escuderia saiu do principado com um segundo lugar de Carlos Sainz e um quarto lugar de Charles Leclerc, somando 30 pontos no campeonato. Enquanto isso, a Red Bull somou 40 pontos, com a vitória de Perez e o terceiro lugar de Verstappen. Assim, o piloto mexicano também entra na briga pelo campeonato tendo uma diferença de apenas 6 pontos de Charles, que permanece em segundo lugar.
Há pessoas que acreditam em sorte e azar, e não se pode negar que quando se trata de Charles Leclerc e o Grande Prêmio de Mônaco é impressionante como tudo pode simplesmente ruir para o monegasco em apenas questão de segundos, quando não é por um erro dele, é por um erro da própria equipe. Pelo menos neste ano, Charles conseguiu ver a bandeira quadriculada, algo que nunca aconteceu com ele em uma corrida em casa, mas foi bem longe das glórias desejadas do final de semana, e realmente perto de uma decepção.
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Larissa Gambirazi é natural da cidade de São Paulo e desde pequena sempre foi apaixonada por ouvir e contar boas histórias, através destas duas paixões decidiu qual carreira gostaria seguir. Atualmente, é formada em Jornalismo, especialista em Jornalismo Esportivo e apaixonada pelo automobilismo.
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