O teto de vidro da Red Bull e Aston Martin

As duas equipes estão em posição de fragilidade após possível quebra do teto de gastos da F1 (Foto: Reprodução)

Se você pensou que a temporada de 2021 da Fórmula 1 não poderia ficar mais polêmica, sente-se e respire fundo porque os fatos novamente se complicaram: RedBull e Aston Martin podem ter quebrado o teto de gastos.

Desde a sua implementação no ano passado, o limite de 145 milhões de dólares para a construção dos carros tem como principal objetivo aumentar a competitividade da categoria. Assim, na teoria, as equipes já consolidadas não largam com vantagem exuberante em relação aos times menos afortunados, dando fim ao ciclo vicioso que acomete o esporte há tanto tempo.

Além do cenário de 2021 do Campeonato de Construtores, a atual leitura da conjuntura novamente indica que o estabelecimento do limite financeiro diminuiu o desequilíbrio, mas não liquidou. Afinal, a caminho do Grande Prêmio do Japão, onde Max Verstappen pode conquistar o bicampeonato mundial consecutivo, os cinco primeiros colocados – RedBull, Ferrari, Mercedes, McLaren e Alpine, respectivamente – possuem uma diferença saudável na casa dos três dígitos.

Porém, em contrapartida, as quatro equipes Alfa Romeo, Aston Martin, Haas e AlphaTauri se colocam entre 50 e 30 pontos e, no limbo, a Williams se afoga com apenas 6 pontos, o que demonstra a persistência da desigualdade na segunda metade do quadro de pontuação.

Essa repetição dos panoramas da última décadas prova que a regra sancionada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) não solucionou o problema, no entanto, como toda medida, ela deve ser respeitada pelas equipes da F1 e, durante o fim de semana chuvoso de corrida em Singapura, rumores surgiram a respeito de uma possível quebra do teto orçamentário pela Red Bull e Aston Martin.

A notícia originalmente publicada pela revista automobilística Auto Motor und Sport foi suficiente para que os representantes de outros times cobrassem uma posição enfática da organização do esporte. Entre eles, o diretor executivo da Mercedes Toto Wolff declarou à imprensa que o estouro do teto de gastos era um segredo aberto no paddock.

Fato é que as declarações acertaram em cheio a RedBull. O chefe da equipe, Christian Horner, afirmou que “essas acusações são extremamente difamatórias e nós estamos ofendidos…quando elas são feitas, as pessoas com teto de vidro não deveriam estar atirando pedras”. Helmut Marko, consultor do time, alegou que a Mercedes não superou os eventos de Abu Dhabi.

Se punida gravemente, a RedBull pode perder pontos e até mesmo o título de Max Verstappen, todavia, ainda não há indícios concretos para tamanha decisão, principalmente considerando o histórico da FIA em priorizar uma boa relação com as marcas que injetam dinheiro no esporte.

Fato que não reduz a pressão feita pela equipe rival na mídia; o heptacampeão e piloto Mercedes Lewis Hamilton reiterou que o resultado de 2021 seria outro, caso a sua equipe também achasse uma brecha no orçamento.

Escondida em meio ao caos, a Aston Martin pouco se pronunciou para além do chefe Mike Krack, que disse estar “surpreso” com os apontamentos.

No momento, a FIA tem em suas mãos uma decisão vital a tomar, tanto é que o resultado da análise foi adiado pela federação que notou a complexidade do processo. O novo prazo para a divulgação do relatório é 10 de outubro e, até lá, há de se esperar para descobrir a realidade dos atos, se eles passarão impunes, causarão consequências medianas ou ocasionarão a revogação de uma decisão de campeonato.

Por enquanto, em oposição ao que Horner considera, é ele, a RedBull e a Aston Martin que moram em uma casa com teto de vidro e atiram pedras na Fórmula 1.

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Nathalia Tetzner é estudante de Jornalismo e ama escrever sobre quase tudo. Seja debatendo cultura ou analisando Fórmula 1, ela sempre carrega consigo um senso crítico e social.

2 comentários em “O teto de vidro da Red Bull e Aston Martin

  1. A Mclaren do mesmo hamilton que agora reclama teve espionagem dos projetos dos carros da rival Ferrari e a própria Ferrari teve um motor adulterado recentemente. Sem falar da tramoia da Renault em Singapura. Nenhum dos casos teve punição no campeonato de pilotos, pedir pra tirar o titulo do Max só porque nao engoliram Abu Dhabi é demais. Qualquer punicao tem que ser no campeonato de construtores no máximo. E o pior, acusações sao levianas, existe uma coisa chamada presuncao de inocencia, já estao dando a redbull como culpada sem ter nem o devido processo legal, ampla defesa e contraditório.

  2. Pingback: 2022: O ano do touro vermelho – Blog Fórmula 1

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