Ferrari brilha sob as luzes do Bahrein na estreia da temporada 2022

Ficando entre os três primeiros tempos nos treinos livres, largando na pole position e no terceiro lugar e terminando o final de semana em uma dobradinha histórica, a Scuderia Ferrari conquista toda a glória no Grande Prêmio do Bahrein

“É hora de nós voltarmos ao topo”. Foram exatamente essas palavras que Charles Leclerc disse ao correspondente e apresentador da Fórmula 1, Lawrence Barretto, na quinta-feira durante os compromissos das equipes com a mídia. O piloto monegasco nem ao menos imaginava tudo o que poderia acontecer com a escuderia de Maranello naquele final de semana.  

A Ferrari era uma equipe que vinha demonstrando consistência e um alto desempenho desde os testes da pré-temporada que aconteceram em Barcelona e no Bahrein. E apesar do chefe da equipe, Mattia Binotto, ter afirmado diversas vezes que não via o seu time lutando por um campeonato neste ano, os resultados conquistados durante a primeira etapa da temporada 2022 mostram o contrário. A Ferrari conquistou todas as glórias e brilhou sob as luzes no Bahrein nos três dias de ação na pista.

A demonstração de que a Ferrari tinha um dos carros mais equilibrados do final de semana, começou na sexta-feira durante os dois treinos livres do dia, onde os pilotos Charles Leclerc e Carlos Sainz, tiveram o segundo e terceiro melhores tempos, respectivamente, nas duas sessões. Leclerc terminou o primeiro treino livre a apenas 0,3 segundos e Sainz a 0,4 segundos do primeiro colocado que no momento havia sido Pierre Gasly da AlphaTauri. 

Durante a segunda sessão do treino livre do dia, o líder foi Max Verstappen, da Red Bull, com a marca de 1:31:936. Leclerc veio logo atrás, por pouco não batendo o tempo do neerlandês, com uma diferença de apenas 0,08 segundos. Enquanto Sainz ficou meio segundo atrás. No último treino livre do final de semana, que aconteceu no sábado, Leclerc permaneceu com o segundo melhor tempo, e Sainz tirou um pouco o pé, ficando em quinto lugar, atrás apenas de Sergio Perez e de George Russell. 

A Ferrari mostrava que vinha para fazer o seu melhor final de semana em anos com um carro que tinha todo o esforço e dedicação do time e dos pilotos depois das duas últimas temporadas difíceis. Com a marca de 1:30.558, ficando a apenas 0,23 segundos de Verstappen, Charles Leclerc conquistou a sua décima pole position na carreira. E se não bastasse o bom resultado do monegasco, seu companheiro de equipe bateu o terceiro melhor tempo, fechando a segunda fila do lado da outra Red Bull de Perez.  

Após a sessão de classificação, o pole position do dia disse que a equipe não poderia estar mais feliz com o resultado, “mas ao mesmo tempo estamos cientes de que não podemos relaxar e temos que continuar pressionando, pois nossos concorrentes amanhã são fortes”. Charles se referia aos carros da Red Bull que vinham logo atrás. Assim como as duas Ferraris, Verstappen e Perez tiveram um final de semana excelente durante os treinos.  

Mas, o melhor ainda estava por vir e a Ferrari daria tudo de si para conquistar o melhor resultado possível para a largada no domingo.

Não deveria existir um fã da Ferrari que não estivesse apreensivo para o momento da largada. É de conhecimento geral de que os pilotos que ocupavam a primeira fila não tem um histórico tão amistoso assim nas pistas, desde a época em que competiam no kart. Leclerc e Verstappen já chegaram a se estranhar algumas vezes em disputas por posições nos anos anteriores. Além disso, os dois são conhecidos por terem um estilo de pilotagem mais agressivo, levando o carro ao extremos em busca de seus objetivos. Então, até a primeira curva, tudo poderia acontecer. 

Quando as luzes vermelhas se apagaram no Circuito Internacional do Bahrein, a adrenalina subiu e os corações dos amantes da alta velocidade passaram a bater no ritmo dos motores, em expectativa do que a primeira etapa do campeonato poderia reservar. Todos os olhos estavam voltados para a Scuderia Ferrari. 

A largada foi limpa de ambas as Ferraris, que conseguiram manter suas posições e agora era a hora das estratégias serem colocadas em prática para que a escuderia pudesse levar para casa a sonhada vitória e ter os dois pilotos no pódio.

Charles Leclerc parecia estar determinado a conquistar o primeiro lugar durante as 57 voltas que tinha pela frente. Mas, o piloto do carro 1 da Red Bull que perseguia o monegasco de perto, também tinha o mesmo objetivo. 

Verstappen chegou a tirar a liderança de Leclerc por três vezes, nas voltas 16-19. A Red Bull passou a Ferrari na curva 1 e na curva 4, antes de perder o P1 para o monegasco mais uma vez. Com certeza foi uma batalha que acendeu a competitividade para o restante da temporada.  

Enquanto Leclerc travava uma batalha acirrada com Verstappen, a dobradinha da equipe vermelha nem era o menos sonhada, e Carlos Sainz ainda precisava se defender das possíveis investidas do outro carro da Red Bull, que também gostaria de ter um pódio na primeira corrida de 2022. 

Foi na volta 45 que uma pequena reviravolta aconteceu e a vitória quase certa de Leclerc e o terceiro lugar de Sainz poderiam estar ameaçados. O motor de Pierre Gasly apagou e teve um princípio de fogo no carro. O imprevisto aconteceu justamente no mesmo lugar em que o grave acidente de Romain Grosjean chocou o mundo do automobilismo em 2020. 

Um Safety Car era tudo o que a Ferrari não precisava e o que Red Bull sonhava para poder voltar a batalha pelo primeiro lugar. Mas, com o carro de Gasly ainda parado na área de escape da pista, ele foi necessário. A Red Bull não hesitou em chamar o carro de Verstappen para trocar os pneus, que já estavam gastos, e assim quando a corrida recomeçasse Max poderia ter uma chance de tentar o primeiro lugar. Mas, a equipe de Maranello teve a mesma ideia e também chamou Leclerc para a troca de pneus. 

O monegasco ainda conseguiu voltar à frente do neerlandês, e a batalha pelo lugar mais alto do pódio ainda aconteceria. 

Assim que o Safety Car saiu da pista, Verstappen ainda tentou atacar Leclerc, mas o jovem piloto da Ferrari fez uma relargada espetacular e conseguiu abrir uma diferença do carro da Red Bull. 

Os fãs da Ferrari já comemoravam o primeiro e o terceiro lugares, quando  Max avisou a sua equipe que algo estava estranho no carro e na direção, e ele teve que recuar depois de apertar os freios ao atacar Leclerc. Com isso ele foi ultrapassado por Carlos Sainz, e no final a Red Bull decidiu que a melhor decisão era retirar Verstappen da corrida.         

As duas Ferraris foram as primeiras a verem a bandeira quadriculada depois de uma intensa corrida, em que tudo parecia incerto, com Charles Leclerc em primeiro e Carlos Sainz em segundo. Foi no Grande Prêmio do Bahrein que a Ferrari quebrou o regime de 910 dias sem subir ao lugar mais alto do pódio e uma dobradinha histórica. A última vez que o feito ocorreu foi no Grande Prêmio de Singapura, em 2019, com a vitória de Sebastian Vettel, e o segundo lugar de Charles Leclerc.

Apesar de ter terminado em segundo lugar, igualando o melhor resultado em sua carreira na Fórmula 1, Carlos Sainz teve sentimentos mistos ao final da corrida. O espanhol descreveu o final de semana como o “mais difícil” como piloto da Ferrari. Ele ainda acrescentou que estava feliz pela equipe, “É uma ótima notícia para a Ferrari e para nós, porque é onde a Ferrari deveria estar e é onde Charles e eu queremos estar em nossas vidas, lutando pelo Campeonato Mundial”.

 Para o monegasco, a vitória na primeira etapa do ano não é apenas uma vitória, também é considerada uma redenção. Nesta mesma pista, em 2019, Charles quase conseguiu a sua primeira vitória na Fórmula 1, mas problemas no motor tiraram o primeiro lugar de suas mãos.   

Após a corrida, Leclerc disse que a conquista do 1-2 era o início perfeito para a Ferrari na temporada. Visivelmente emocionado ele acrescentou: “Estou incrivelmente feliz depois dos dois últimos anos, que foram muito difíceis para a equipe, para mim e para o Carlos no ano passado. Tivemos que trabalhar duro e finalmente poderemos provar que todo o trabalho que fizemos nos últimos dois anos está valendo a pena e foi incrível (…) Não poderíamos esperar por algo melhor”.

Mattia Binotto ainda disse que a Ferrari quer que a F1-75 seja o carro que faça os fãs da escuderia ficarem orgulhosos da Ferrari. Se os resultados e desempenho continuarem a ser promissores no longo ano de corridas que ainda temos pela frente, poderemos esperar que orgulho será o principal sentimento dos fãs da escuderia de Maranello. 

O pódio do Bahrein ainda foi completado com a ilustre e surpresa presença de Lewis Hamilton, que conquistou o terceiro lugar após a Red Bull ter que aposentar o segundo carro que tinha em pista. Assim como Verstappen, Sergio Perez também apresentou falhas nas últimas voltas. Bahrein foi um final de semana inesquecível e incrível para algumas equipes, para outras nem tanto.  

Após o final da primeira etapa do ano, a Ferrari assume a liderança do Campeonato de Construtores com 44 pontos. Enquanto Charles, ao conquistar todas as glórias que um piloto almeja num final de semana de corrida — pole position, volta rápida, piloto do dia e a vitória — lidera, pela primeira vez em sua carreira na Fórmula 1, o Campeonato Mundial de Pilotos, com 26 pontos. Carlos Sainz vem logo em seguida com oito pontos atrás de seu companheiro de equipe.

O campeonato ainda é longo, muitas coisas ainda podem acontecer e muitas equipes podem surpreender. A Ferrari pode comemorar, mas tem uma longa semana pela frente em Maranello para aperfeiçoar ainda mais o carro para a próxima etapa do campeonato, que está marcada para acontecer no próximo domingo (27) na Arábia Saudita.  


Larissa Gambirazi é natural da cidade de São Paulo e desde pequena sempre foi apaixonada por ouvir e contar boas histórias, através destas duas paixões decidiu qual carreira gostaria seguir. Atualmente, é formada em Jornalismo, especialista em Jornalismo Esportivo e apaixonada pelo automobilismo. 

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