Não é de hoje que o caos interno da Ferrari é refletido nas performances em pista. Desde 2017, a equipe de maior sucesso da história da Fórmula 1 luta para retornar ao topo e reacender a chama da glória dos tempos dourados de Niki Lauda e da era de invencibilidade de Michael Schumacher.
Porém, nada parece tirar a Scuderia do eixo como a chance de voltar a conquistar um título. Na temporada passada, finalmente com um carro competitivo e bons pilotos na direção, a confusão dos bastidores provou que o time pode ser o seu maior inimigo.
Em meio a leituras táticas erradas e indecisões acerca de uma hierarquia entre primeiro e segundo piloto, a estruturação dos italianos, ou melhor, a falta dela, foi responsável por colocá-los em uma posição nada confortável. Mesmo com a faca e o queijo na mão, eles sofreram com as mentes pensantes da Red Bull.
Depois de uma sequência dolorosa de desapontamentos, o grupo composto por macacões vermelhos sofreu uma repaginada. Mattia Binotto, que passou 28 anos na equipe e alcançou o comando em 2019, saiu e deu lugar a outro chefe, o francês Frederic Vasseur.
Ao longo de seis temporadas, Vasseur foi o nome por trás da melhora de desempenho da Sauber/Alfa Romeo, onde trabalhou com Charles Leclerc. No entanto, nesta nova liderança, ele já encontrou alguns desafios e especulações sobre possíveis desfalques.
Experiente, Frederic Vasseur logo deu a entender que sabe dominar a arte das declarações para a imprensa. Em entrevista ao Motorsport.com, afirmou: “Somos um grupo sólido e estamos construindo uma equipe também para o futuro, e a ligação é boa. Portanto, não, não acho que pessoas importantes deixarão o time”.
Mas, agora, até o Cavallino Rampante, símbolo da Ferrari, parece querer correr para longe de tamanha bagunça. Em Sakhir, no primeiro Grande Prêmio de 2023 disputado no Bahrein, a Scuderia mostrou que sempre há como piorar ao cometer os mesmos erros estratégicos e colocar em xeque a confiabilidade do motor.
E, ainda, Leclerc foi punido por uma troca de componente indevida e, no circuito de Jeddah, irá largar 10 posições atrás da alcançada durante a qualificação. A caminho da segunda race week do ano, a impressão que fica é a de que a Ferrari é o lobo da Ferrari.
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Nathalia Tetzner é estudante de Jornalismo e ama escrever sobre quase tudo. Seja debatendo cultura ou analisando Fórmula 1, ela sempre carrega consigo um senso crítico e social.
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