Ferrari e a falta de confiabilidade: o que isso custou no GP da Espanha?

Um final de semana perfeito que perdeu às glórias mais uma vez pelo azar e por um novo componente: a falta de confiabilidade do motor Ferrari

A Ferrari chegou à Espanha mostrando que aquele final de semana tinha tudo para ser um dos melhores da temporada, com o piloto da casa, Carlos Sainz, e o até então líder do campeonato, Charles Leclerc, dominando as curvas do Circuito da Catalunha. 

O final de semana começou com a dominância de Charles Leclerc durante as três sessões de treinos livres e de quebra ele ainda levou a sua décima terceira Pole Position da carreira, com a marca surpreendente de 1:18.750 na classificação de sábado. Carlos Sainz não ficou atrás, marcando o segundo, quarto e quinto melhores tempos nos treinos livres, e largando em terceiro na corrida de domingo.  Mas, o que a Ferrari não contava era que com um pouco de azar e a falta de confiabilidade poderia acabar com um final de semana perfeito.

O azar ficou com o dono da casa. Carlos não fez uma boa largada e perdeu duas posições ainda na primeira curva, antes de rodar e parar na brita, o tirando do top dez e o fazendo lutar em uma corrida de recuperação. O espanhol conseguiu se recuperar, terminando em quarto lugar. Apesar de Sainz ter tido o melhor resultado em sua corrida em casa e mantendo o seu recorde de pontuar em todos os Grande Prêmios da Espanha que ele competiu até agora — um total de 8 corridas —, o piloto esperava mais. 

Ao final da prova Sainz disse que foi um domingo bem difícil e muito longe do que a equipe esperava. “(…) Foi uma grande luta para mim. Demos absolutamente tudo para recuperar e conseguimos voltar ao P4, o que não é ruim dadas as circunstâncias, mas está longe de ser o ideal.” 

Se no começo do ano a confiabilidade era apontada como “o componente chave” para o bom desempenho da equipe de Maranello, após Barcelona isso pode ter sido colocado em xeque com o carro de Charles Leclerc. 

O monegasco liderava o Grande Prêmio da Espanha com uma diferença que chegou a quase 30 segundos do segundo colocado, e todos tinham a certeza de que o piloto teria mais um final de semana de glórias, e levaria o seu segundo Gram Chelem da carreira e do campeonato. 

Entretanto, um problema de confiabilidade do motor repentino, causada pela falta de potência que não deu nenhum aviso que iria acontecer, e os engenheiros apenas ficaram sabendo pela mensagem agoniada de Charles no rádio, foi o que tirou a vitória das mãos da Ferrari mais uma vez. 

Mais uma vez porque o acontecimento lembrou os fãs da escuderia de Silverstone no ano passado, quando Leclerc liderava a corrida e tinha grandes chances de vencer se não fosse pela perda de potência repentina e o carro sofrendo com alguns apagões. Pelo menos em Silverstone, Charles conseguiu terminar a corrida em segundo lugar — quando foi ultrapassado por Lewis Hamilton nas voltas finais —, mas ele não teve tanta sorte assim no último final de semana. 

Para Leclerc, o seu primeiro DNF (Did Not Finish) do ano deixa um gosto amargo. “Claro que isso dói, porque estávamos na frente durante todo o final de semana e trabalhamos muito bem isso. (…) Não podemos permitir que isso aconteça muitas vezes durante a temporada, então precisamos encontrar o problema.”, disse ele, acrescentando que era bom olhar para os aspectos positivos como um todo. “Nosso ritmo foi muito forte na classificação e na corrida e a sensação no carro foi muito boa. Fizemos progressos em termos de gerenciamento de pneus, que é algo que tem sido uma fraqueza nas últimas corridas, então é uma pena o resultado de hoje. Estou desapontado por termos perdido a oportunidade de marcar muitos pontos, mas a temporada ainda é longa e sabemos que temos potencial”, concluiu.

O abandono de Leclerc na temporada coloca fim na mais longa sequência de finalizações em GPs, eram 16 seguidas desde o Grande Prêmio da Hungria do ano passado. O piloto também agora está atrás de Max Verstappen no Campeonato de Pilotos pela primeira vez em 2022, indo para sua corrida em casa em Mônaco — que acontece no próximo final de semana — com seis pontos a menos que o seu principal adversário. 

A Ferrari passa a ser segundo no Campeonato de Construtores com 26 pontos atrás de Red Bull, e com muito o que recuperar na próxima etapa do campeonato. 

Mattia Binotto também disse que apesar de decepcionante, muitos aspectos positivos poderiam ser tirados do final de semana e que agora eles apenas precisam entender o que parou o carro de Leclerc. “Infelizmente, essas coisas podem acontecer, para nós e para a competição, mas considerando quantas corridas faltam nesta temporada, eu diria que vimos que podemos lutar por vitórias nos próximos Grandes Prêmios, começando com Mônaco, corrida em casa de Charles e, felizmente, só temos que esperar até o próximo domingo”, assegurou o chefe da equipe italiana. 

Mesmo que tenha levado poucos pontos para casa, as novas atualizações do F1-75 funcionaram muito bem, e os carros tiveram um bom desempenho. Segundo a Motorsport Itália, o F1-75 se mostrou quase que imbatível tanto na classificação quanto na corrida. Porém, o sinal de alerta se acende quando se trata da confiabilidade. 

Em Barcelona, a Ferrari mostrou que o seu maior rival na pista, no momento, é a própria Ferrari. 

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Larissa Gambirazi é natural da cidade de São Paulo e desde pequena sempre foi apaixonada por ouvir e contar boas histórias, através destas duas paixões decidiu qual carreira gostaria seguir. Atualmente, é formada em Jornalismo, especialista em Jornalismo Esportivo e apaixonada pelo automobilismo. 

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