Entre curvas e relógios: Os bastidores de Leclerc e Sainz na Ferrari

O azar da Ferrari ultrapassou as pistas e atingiu os pilotos nos bastidores (Foto: XPB Images)

No começo deste ano, esta mesma coluna publicou um texto sobre o drama vivido pela Ferrari na última década da Fórmula 1. Agora, faltando apenas três corridas para o fim da temporada de 2023, o drama vivido por Charles Leclerc e Carlos Sainz Jr. ultrapassou as pistas e atingiu os pilotos nos bastidores, com direito a ultrapassagens em curvas difíceis e roubos de relógios.

Fato é que está cada dia mais difícil ser condutor da equipe vermelha. Além de se encontrar na tarefa quase impossível de defender uma Scuderia tradicional enquanto dirige um trator e batalhar contra o próprio colega pelo título implícito de primeiro piloto, o atual cenário também exige disputas com ladrões por relógios avaliados em milhões de euros.

Isso mesmo que você leu, com pouco meses de diferença, Leclerc e Sainz passaram por apuros parecidos com os acessórios da marca de luxo Richard Mille, umas das patrocinadoras da Ferrari na F1. Ambos foram assaltados, mas, no caso do espanhol, ainda trajado com seu uniforme na ocasião após o Grande Prêmio da Itália, correr (com as pernas) foi o suficiente para recuperar o pertence levado.

E não foi somente no campo da ação que ele levou a melhor. Nas pistas, os altos e baixos da equipe conduziram Carlos Sainz Jr a glórias maiores que Charles Leclerc. Com o campeonato entrando na reta final, os títulos mundiais já estão com endereços de entrega definidos para Max Verstappen e Red Bull, porém, os embates pelas demais posições continuam.

No Campeonato de Pilotos, até o momento, pouco depois do GP do México, o espanhol segura a quarta colocação com três pódios e uma vitória, somando 183 pontos, empatado com o conterrâneo Fernando Alonso. O monegasco, por outro lado, se encontra em sétimo, tendo participado de quatro premiações, nenhuma em primeiro lugar.

Em relação à competição entre os Construtores, a Ferrari ocupa a terceira posição e, caso a Scuderia deseje alcançar o vice-campeonato, ela terá que demonstrar resultados bem satisfatórios nos três circuitos finais para subtrair a diferença de 22 pontos que a separam da Mercedes. Ainda que apenas com uma única vitória em 2023, o Grande Prêmio de Singapura foi uma aula de estratégia por parte de Sainz. 

No entanto, como a equipe já demonstrou ser capaz de ser seu maior inimigo, o sonho se tornou um pesadelo na corrida realizada no final de semana passado. Após a desclassificação de Charles Leclerc em Austin, a Ferrari conseguiu emplacar uma dobradinha em solo mexicano que durou poucas voltas, acarretando somene em um terceiro lugar para o Leclerc.

O piloto ainda foi vaiado pela torcida local por ter acabado com a prova de Sergio Pérez, embora a culpa tenha sido do próprio condutor da Red Bull na largada e que, por sua vez, vivencia momentos de tensão na equipe de energéticos acerca da renovação de seu contrato. Neste quesito, a equipe italiana mantém sigilo dado que a permanência de ambos seus pilotos está garantida até 2024.

A caminho do GP do Brasil, resta sabermos se o time tem fôlego para manter as suas posições no Campeonato de Pilotos e, ao menos, tentar se aproximar do vice-campeão dos Construtores. Seja nas curvas disputadas das pistas ou nos infortúnios de perder um relógio de luxo, Charles Leclerc e Carlos Sainz Jr com certeza não esperavam tamanha dificuldade em defender o manto vermelho.

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Nathalia Tetzner é estudante de Jornalismo e ama escrever sobre quase tudo. Seja debatendo cultura ou analisando Fórmula 1, ela sempre carrega consigo um senso crítico e social.

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